quinta-feira, 27 de maio de 2010

Roupa suja de time grande se lava assim...

Fala Galera

Ia escrever uma postagem sobre a "invasão" de alguns torcedores do Vasco em São Januário, mas desisti depois que li a coluna do Hélio Ricardo do SuperVasco. Não tiro um palavra dele e reproduzo aqui na íntegra suas sábias palavras:



Em primeiro lugar é bom que se lembre o velho dito popular: “roupa suja se lava em casa”. Quando a roupa está muito suja, começa a incomodar quem é de casa. Quando a casa fica passiva diante da sujeira, favorece que outros venham de fora e se prontifiquem a lavar.

No meu entendimento, foi isso que acabou acontecendo no Vasco esta semana.

Não fomos "invadidos". Invasão não é isso. Invasão é coisa de elemento estranho, alheio, incomum. Invasão é feita por quem não tem vinculo e quer se apoderar do que não lhe pertence. Um invasor, um elemento estranho, não poderia circular dentro do estádio nem ter acesso a portões ou aos gramados. E ninguém disse que os que assim fizeram o fizeram por força ou por violência. Então que “invasão” foi essa?

É bom que se aprenda um outro dito popular: “quanto maior o gigante, maior a queda”. Estão esquecendo que o Vasco é grande! Estão tão acostumados com as derrotas sob aplausos, com as eliminações por omissão ou por atos destrambelhados dos responsáveis que acabaram pensando que o Vasco é menor do que ele efetivamente é.

Não é, não!

Acordem!

O Vasco é grande!

E clube grande – todo mundo sabe – é assim mesmo. O racional e o irracional, o lógico e o ilógico, a impulsão e a repulsão se dão na mesma proporção. Para uns a cobrança soou como ato de vandalismo. Para outros, como ato de vagabundagem. Muita coisa foi dita, muita coisa foi noticiada para vender “furo de reportagem”.

Fui à fonte apurar o que efetivamente aconteceu.

Conheci, ainda naquela fase sofrível do rebaixamento, um sujeito chamado Luiz Claudio, presidente da torcida que esteve nos gramados de São Januário cobrando o que definitivamente esses jogadores não vêm demonstrando: dignidade com a camisa que vestem. Claudio é um rapaz educado, simples, discreto, que fala de forma articulada e em momento algum lembra os representantes truculentos e algozes que vitimam pessoas e fazem apologia da pancadaria em prol de suas torcidas. Ele é inteligente e diplomático, diferente da carcaça de "feras dos estádios" usada tantas vezes por outros correligionários. Claudinho não é congênere: ele é sui generis.

Não sou parente, nem amigo de infância, nem cunhado do Claudinho da Força Jovem. Não sou integrante da torcida, nunca vesti uma camisa da Força Jovem e – se querem que eu seja sincero – nem assisto aos jogos dentro da torcida (prefiro ficar de fora assistindo ao seu espetáculo visual). Mas fiz algo que – tenho a mais certeza absoluta – ninguém ou quase ninguém fez: fui até o Claudinho apurar o que realmente aconteceu e qual foi a sua intenção. Não vim aqui absolvê-lo de sua atitude, porque também não liguei para ele no intuito de julgá-lo nem condená-lo. Com alguma inteligência que a vida me ensinou a ter, calculei imediatamente que, se tivesse ocorrido uma "ação de marginais" em São Januário como muito supunham, certamente a diretoria teria chamado a polícia e registrado ocorrência. Se nada disso ocorreu, é porque nenhuma violência ocorreu também. Simples assim. Dois e dois são quatro, todo mundo sabe.
Ou alguém acha que são cinco?

Conversei por longo tempo no telefone com o Claudinho e fiquei feliz com o que ouvi. Não porque tenha aprovado – volto a dizer – a cobrança que foi feita, da maneira como foi feita, no momento em que foi feita. Mas porque Claudinho me convenceu de que a “visita” (prefiro tratar o fato assim) foi pensada de forma reflexiva e inteligente..

Claudinho não vive do clube: ele é SÓCIO ADIMPLENTE do Vasco e PAGA ingresso para assistir aos jogos do nosso Vasco. Tal como ele, TODOS os líderes da torcida que o acompanharam eram SÓCIOS e ADIMPLENTES. Ele mesmo teve o cuidado de selecionar essas pessoas para que o protesto tivesse propriedade. Bem, só esse dado já mata boa parte da distorção que fizeram do fato.

Então eu começo a fazer uma série de perguntas decorrentes dessa minha investigação do fato: qual é a diferença de um sócio do clube quando ele é de uma torcida organizada? Ele fica inibido? Ele fica coibido? Ele fica proibido? Ele fica acuado sem poder protestar?

A diferença é que, ao contrário dos torcedores que muitas vezes nem sócios são (e, quando sócios, são inadimplentes) esses caras foram lá em São Januário exigir respeito e dignidade com a camisa que vestem e pelo dinheiro que pagam. Se todos os sócios do Vasco fizessem exercer a sua “cidadania vascaína”, certas coisas não aconteceriam e jamais teriam acontecido em nosso passado próximo!

E é bom que quem está no Vasco e quem continuou no Vasco saiba e se acostume com o que disse o Claudinho: civilizadamente serão sempre cobrados, porque o Vasco – desculpe se ainda não sabem – é GRANDE! Já vimos torcedor de time grande bater, acuar, apedrejar, dar até tiro em treino. Isso sim é acinte, crime, agressão, violência. Agora... cobrar? Que mal há em cobrar?

Repito várias vezes: não justifico o que foi feito, mas não me conformei com o que foi dito e virou notícia. Fui à fonte. E a fonte me revelou coisas muito diferentes da leitura primária de vandalismo e vadiagem. Eram torcedores indignados. Se estivesse tudo bem, teriam entrado para pedir autógrafo. Como está tudo muito errado – porque o Vasco na penúltima posição na terceira rodada de um campeonato É ERRO – foram cobrar. Pleitearam essa reunião e não foram atendidos. Não estou respaldando seu ato, mas estou me isolando “antropologicamente” do meu juízo para entender que eles, de forma sociável e sem agressão, abordaram os atletas e exigiram o que uma “imensa torcida bem feliz” muitas vezes se omite e não faz. Enquanto muitos viram casaca ou entram em sites infames para fazer politicália e denegrir a instituição a troco de moedas e vaidade, esses caras foram dentro do Vasco exigir a mudança que, afinal, todo mundo quer.

Ou alguém acha que o Élton e o Nílton não mereciam uma pixotada da torcida, digna das que eles dão na bola dentro de campo?

Não podemos embarcar em argumentos fáceis do tipo “o que esses vagabundos faziam três da tarde? não trabalham?”. Faziam, provavelmente, o que outros torcedores, nesse mesmo horário, também fizeram nas vezes em que jogaram moedas em Leandro Amaral, participaram das manifestações de rua e mesmo das eleições do clube. Ou o clube tem eleição de meia-noite às cinco?! Por que os outros podem e eles não? É essa a hora de chacoalhar as torcidas organizadas? É assim que se faz?

Por que a discriminação? Qual é a diferença?

Agora vou ao ponto mais nevrálgico dessa celeuma. O recado dado pelos torcedores a esse elenco - sugerindo que “quem não quiser jogar com essa camisa, vá embora enquanto o campeonato apenas começa” - é fruto de uma miopia que estamos vivendo. Estamos diante de uma coisa e vemos outra. Estamos venerando e adorando coisas sem resultado. Nosso melhor jogador nunca joga, mas queremos renovar seu contrato a qualquer preço. Eu pergunto: o que não mudou em um ano e meio vai mudar agora? O Jefferson e o Fágner vão sair da maca e comer a bola em campo um ano depois? O Tite vai ter categoria? O Nílton vai parar de colecionar expulsões e furadas?

Estamos fora do nosso nível. Não temos, em nosso elenco, um único jogador que pudesse ao menos ter sido injustiçado na convocação da seleção brasileira. Nenhum! Se não temos um jogador desse porte, que craque temos, afinal? É um Vasco sem jogador de repercussão e apelo nacional. Conclusão clara. Vivemos do talento precoce de Philippe Coutinho (a quem os mais afoitos já atiram todas as pedras) e Souza. Que mais? Ramon vai mostrando personalidade. Carlos Alberto tem 24 anos e é “o melhor do Vasco”. Ele é craque? Ele é diferenciado? Por que não aparece na lista de candidatos a uma vaga pra Copa? Só é bom no Vasco? Mas... joga? Consegue?

É muita pergunta sem resposta!

O único jogador que decidiu alguma coisa pra nós – decidiu de verdade, no pau, decidindo um jogo e um título – foi Alex Teixeira. Foi dele o gol salvador na angustiante partida em que o Vasco virou o jogo decisivo da Série B e foi campeão da Segundona. Tinha Carlos Alberto, tinha Ramon, tinha Philippe, tinha Souza. Mas quem fez a jogada individual que decidiu foi Alex Teixeira. Que foi embora, naquele que poderia ser o seu ano no Vasco e no futebol brasileiro.

Depois disso, pergunto eu: quem decidiu um título pro Vasco?
Quem fez um gol decisivo nas partidas seguintes?
Só tivemos a expulsão tosca do Nílton e do Tite, com seus pontapés grosseiros na final da Taça Guanabara, “decidindo” uma taça em favor dos outros. No último jogo, o mesmo Nílton deu dois gols pro adversário. E ainda tem gente que idolatra os “ídolos B”, esquecendo que estamos no “mundo A”.

Apequenamos nosso raciocínio. Ficamos míopes. Distorcemos tudo. A base do time do ano passado é NADA: tem que refazer tudo de verdade. Não era um planejamento para a Série B e outro pra Série A? Cadê a diferença?

Já entendemos que Rodrigo Caetano é fundamental nesse processo de reestruturação, mas – com todo respeito à sua figura, a quem eu nutro especial admiração – ele também precisa se repensar, porque quem vem pro Vasco tem que vir PRA GANHAR, e não estamos ganhando NADA! Se não o deixam trabalhar, que o deixem! Se ele não está vencendo com alguma estratégia, que a mude! Mas ele, o nosso tão respeitável cavalheiro Rodrigo Caetano, precisa estar apto a entender que a torcida só vai “invadir” o gramado para apertar jogador quando a gente, temporada após temporada, ficar trocando seis por meia dúzia, jogador mediano por jogador mediano, mantendo os melhores (que são os melhores só do Vasco, mas não “os melhores do futebol”) e trazendo mais entulho pro lugar dos entulhos que saíram. Tipo "Geovani Maranhão por Fumagalli" ou "Cesinha por Vílson"... se preciso me fazer mais claro...

Não tem dinheiro pra contratar jogador bom? Faz o seguinte: dispensa todo mundo que é fraco, sobe os juniores com fome de bola e amor à camisa e mantém os “melhores”. Uma massa dessas na mão do Roth certamente vai andar. O que dói é somar dez salários de jogadores medianos/medíocres e impedir uma contratação boa com essa verba. Se o Vasco trouxer um jogador de verdade – um Diego, um Keirrisson, El Tanque, um Felipe, um Deco, sei lá quem! – a torcida vai esquecer os ídolos que temos rapidinho, porque vai ver um time com reforços e cara de campeão.

E aí a torcida e os sócios (adimplentes!) não precisarão entrar em campo e fazer esse papel desagradável de pedir a quem não quer ser Vasco que não seja!

Quero agradecer ao Claudinho da Força Jovem pela educação, pela simplicidade e pela gentileza com que me esclareceu todas as coisas e deixou claro não o sentimento de uma torcida organizada, mas o CORAÇÃO e o SENTIMENTO de vascaínos que ACREDITAM no clube, PAGAM sua mensalidade e EXIGEM respeito de quem veste essa camisa.

Não nos ensinaram a cantar que “O SENTIMENTO NÃO PODE PARAR”?

Não parou!

E agora? Agora aguentem! “Ação e reação”!

Incentivaram a paixão? Entendam que não é uma paixão qualquer: é paixão de verdade, e paixão de verdade mobiliza.

Que pena... esqueceram a grandeza do Vasco e acharam que tudo passaria em branco... como aquela entrevista do Nilton após o primeiro tempo contra o Avaí, sorrindo, como se não tivesse falhado grosseiramente no lance do gol.

Não passa em branco! Passa em PRETO E BRANCO, com a CRUZ DE MALTA no peito!

Até que aprendam a pensar o Vasco como um VASCO GRANDE...


Saudações,
Michel Macedo

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