domingo, 19 de setembro de 2010

Mais sobre Neymar

Fala Galera

Neymar é um caso à parte no cenário brasileiro.

Ainda garoto, já ganhava algo como 20 mil reais mensais, valor que logo depois foi aumentado. O então presidente do Santos, Marcelo Teixeira, fez o que pôde e até o que não podia para segurá-lo. Tudo isso tinha razão de ser, pois num belo dia o clube já havia sido surpreendido pela notícia que Neymar e seu pai passeavam por Madrid e pelo Real Madrid, ciceroneados pelo empresário Vagner Ribeiro. O risco de perder uma promessa que já dava mostras que poderia vir a ser fantástica era grande e, ainda pior, iminente.

Felizmente, o pai de Neymar é inteligente, sensato, tem boa cabeça e entendeu que era muito cedo para mudança de vida tão radical, mesmo com a dinheirama toda prometida.

Neymar ficou e evoluiu, seu futebol cresceu, sua habilidade foi aprimorada. Veio a posição de titular e os títulos Paulista e Copa do Brasil. Os olhos que já eram grandes sobre ele tornaram-se ainda maiores e veio a proposta do Chelsea.

A princípio achei que o presidente do Santos errou em segurá-lo. Sou sempre, ou quase, totalmente favorável à venda de jogadores para o exterior. Sim, gosto de ver bons jogadores em ação, gosto de ver bons times no gramado, gosto de espetáculo, mas toda hora que vejo os balanços de nossos clubes, de A a Z, a tristeza é imensa. Boa parte deles ainda existe e funciona pelo fato único e singelo de estarmos no Brasil, onde a impunidade é soberana em todas as áreas. Em outros países, muitos desses grandes clubes seriam hoje nada mais que lembranças do passado. E, acreditem, não há exagero nisso, infelizmente.

O balanço do Santos não foge à regra e a transferência de Neymar daria uma boa aliviada nas contas.

Todavia, pensei, repensei e despensei o que dava como certo. Em muitos sentidos, inclusive financeiros, a saída de Neymar seria um golpe doloroso demais para o Santos FC de hoje. Vale a pena correr os riscos de sua manutenção entre nós.

Enfim, Neymar ficou.

Aparentemente ficou bem, mas entre a aparência e a realidade a distância é, muitas vezes, enorme, gigantesca.

É difícil criticar o Neymar. Vejo vários erros dele, atitudes tolas, infantis, mas, que diabos, o cara é uma criança.

Ou alguém pensa seriamente que ele tenha tido um desenvolvimento normal e uma passagem normal da infância para a adolescência?

Não teve, nunca terá.

Isto é passar a mão na cabeça do moleque, sem a menor dúvida, mas por tudo que ele já viveu, por toda a grana que entrou em sua vida, não há como esperar que se comporte como um sujeito maduro e ponderado.

Neymar não é Kaká e o Kaká não passou o que ele passou, não teve a exposição que ele teve, além de vir de um ambiente familiar absolutamente raro nessa Terra de Vera Cruz.

Neymar precisa de compreensão, rédeas curtas, muita conversa, muito acompanhamento.

Na manhã de hoje, li um artigo da psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão, publicado em sua coluna na Folha de S.Paulo. Logo no título ela mata a questão: “Eis o preço: quem não tem infância, não amadurece”.

Simples e verdadeiro, infelizmente.

Todo ser humano, e não somente os humanos, precisa passar por fases, por etapas evolutivas na vida.

Em seu artigo, Rosely diz uma enorme verdade, que muitas vezes nos passa despercebida: “Hoje as crianças não vivem como tal. Desde pequenas assumem o mundo adulto e vivem como se fossem gente grande. Em tudo: do vestuário às atitudes e preocupações. Temos roubado a infância de nossas crianças.

Isso tem um preço: quem não tem infância não amadurece e hoje já temos uma geração de jovens adultos imaturos. O comportamento de Neymar é evidência disso.

Esse jogador tem vida de gente grande: profissão, reconhecimento, salário. O problema é que enfrenta isso tudo com a insolência e a inconsequência tão próprias do adolescente e da criança.”

Imaginei anteriormente que Dorival deveria ensinar Neymar a ser mais malandro no bom sentido, aceitando assim a marcação tanto dos adversários como dos árbitros. Os últimos episódios deixaram claro que o aprendizado desse jogador deve ir mais fundo e ser mais amplo. Ao atacar seu treinador, ele atacou aquele que deve ser seu mentor e que é, tem sido, seu maior defensor. Um erro feio. Menos mal que ele pensou e desculpou-se publicamente, mas desculpas só tem valor e sentido se sinceras e, mais importante ainda, se seguidas de mudança no comportamento que eliminem a necessidade de futuros pedidos de desculpas.

Neymar já está na Seleção Brasileira e o treinador da Seleção foi claro no puxão de orelhas que lhe deu. É hora de baixar a crista, como diria muitas avós, pensar em tudo que tem feito e corrigir. Seu pai também foi sensato, como tem sido até hoje e, para completar o quadro e o que parece tê-lo atingido com mais força, viu sua mãe chorar por tudo isso que está acontecendo.

Lamento por sua infância perdida, lamento pela chegada prematura da responsabilidade, pela necessidade de amadurecer bruscamente, mas esse, também, é o preço que se paga para quem é como ele e chega onde ele chegou, que é só o começo de uma carreira brilhante.

Que ele aprenda com os erros!

Fonte: Blog Olhar Crônico Esportivo.

Saudações,
Michel Macedo

2 comentários:

  1. Mas tu copia, na cara de pau, o Olha Crônico Desportivo??? Isso tem um nome: plágio

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  2. Caro Cidadão, seria plágio se eu não informasse a fonte. Feio é entrar no blog dos outros e deixar comentários anônimos...
    Aguardo uma nova visita e espero que se identifique!

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